Você sabia que o trabalho excessivo da tireoide pode causar sintomas parecidos com os da ansiedade?
Em tempos de crise, como em uma pandemia, o estresse e a ansiedade estão presentes em diversos momentos. O coração acelera, a incerteza toma conta, o cansaço, a insônia e uma sensação de mal-estar lhe acompanham durante o dia e a noite.
Porém, períodos como estes exigem muito equilíbrio, paciência e atenção com a sua saúde, pois nem tudo que parece é. Isso mesmo! Muitas vezes, a origem destes sintomas pode indicar outro problema de saúde, como o caso do hipertireoidismo.
Calma, não é motivo para mais pânico, já vamos explicar tudinho. O importante é prestar atenção no seu organismo e buscar atendimento médico quando os sintomas persistirem.
Hipertireoidismo: Quando menos é mais
O hipertireoidismo acontece quando a glândula tireoide está hiperativa e produz hormônios em excesso. Esta alteração de hormônios pode mexer, inclusive, com o nosso estado emocional.
Você com certeza já ouviu falar das pessoas que são “hiperativas”, não? Elas são conhecidas por serem agitadas, nervosas, não param quietas, cheias de vitalidade e com pouca concentração. Pois então, a tireoide hiperativa, ou seja, que produz hormônios em excesso, trabalha além do recomendado e aumenta os níveis hormonais. Com o organismo acelerado fica difícil dormir, o coração acelera, palpitações surgem e assim por diante. Está vendo por que é tão fácil confundir os sintomas de hipertireoidismo com sintomas de estresse e ansiedade?
É importante destacar também que a incidência de hipertireoidismo é muito maior em mulheres, na faixa etária dos 20 aos 40 anos, do que nos homens. Mas como funciona o hipertireoidismo no nosso corpo? Veja mais a seguir.
O que é o hipertireoidismo?
Como já falamos anteriormente, o hipertireoidismo é um problema na tireoide. Vamos entender como ocorre esse processo do início ao fim.
Os hormônios da tireoide têm o papel de auxiliar a regulação de órgãos como coração, cérebro, fígado e rins. Como em um trabalho em equipe, a tireoide conta com a ajuda da hipófise, outra glândula (pequena) localizada na base do cérebro.
A hipófise produz o TSH, um hormônio que estimula a tireoide e a induz produzir T3 e T4. A produção excessiva dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) pela tireoide é chamado de hipertireoidismo. Já no hipotireoidismo acontece o contrário, a produção dos hormônios incide de forma lenta e em pouca quantidade.
Mas qual o papel do T3 e do T4? Eles percorrem todo o organismo através da corrente sanguínea e são responsáveis por regular o metabolismo, ou seja, eles ajudam a controlar como o seu corpo utiliza e armazena energia.
De onde vem o hipertireoidismo?
Existem algumas causas mais recorrentes. A chamada doença de Graves é uma das causas mais comuns responsáveis por desencadear o hipertireoidismo.
Resumidamente, podemos dizer que ela ocorre quando a tireoide é atacada pelo próprio sistema imunológico, que a induz a produzir hormônios em grande quantidade. A doença de Graves é considerada uma doença crônica e está ligada a fatores hereditários.
Quais são os principais sintomas do hipertireoidismo?
Para não confundir os sintomas de ansiedade com um possível problema de tireoide, é preciso conhecer os principais sintomas e sinais do hipertireoidismo. É comum que pessoas que sofram de hipertireoidismo tenham perda de peso, já que com a aceleração do organismo, a própria digestão dos alimentos e o metabolismo ficam muito mais rápidos. Em consequência disso, pode acontecer sintomas como polievacuações.
Outro forte indício é o aumento da temperatura corporal, seguido de suor. A lógica é a mesma e tem relação com a aceleração do organismo, que está trabalhando mais rápido do que o habitual. Possíveis tremores e câimbras também podem estar associados.
A lógica é inversa quando falamos do hipotireoidismo. No hipotireoidismo o corpo trabalha muuuuito devagar. Aí o processo contrário do hipertireoidismo acontece: inchaço, constipação e dificuldade para emagrecer. Além disso, o corpo demora mais para fazer a digestão. Com o metabolismo mais lento, a perda de peso é mais difícil, além de que as alterações hormonais influenciam para a retenção de líquido.
Mas quando falamos do hipertireoidismo, aquele que acelera tudo, temos uma grande contradição: ao mesmo tempo que seu corpo trabalha muito e está cheio de energia para gastar, ele acaba se esgotando por tamanha aceleração e você acaba se sentindo extremamente cansado.
O ideal mesmo é controlar para que a tireoide atue de forma equilibrada no nosso corpo. Nem muito e nem pouco, apenas na medida certa.
De forma resumida, listamos alguns dos principais sintomas do hipertireoidismo. Confira quais são:
– Batimentos cardíacos apressados
– Sensação de calor e transpiração
– Perda de peso
– Mãos trêmulas e sudorese
– Fadiga
– Fraqueza
– Polievacuações ou intestino solto
– Sensação de ansiedade e irritação
– Por causa da doença de Graves problemas nos olhos são frequentes, como irritação ou desconforto.
Algumas questões extras sobre o hipertireoidismo merecem atenção. É preciso destacar que ele pode prejudicar a gravidez, causar irregularidade menstrual e até mesmo a infertilidade feminina. Além disso, a glândula tireoide pode aumentar de tamanho, por isso, fique atento a qualquer modificação.
Ansiedade e depressão ou hiper e hipo?
Como vimos, o hipertireoidismo está relacionado aos sintomas de ansiedade, por acelerar o organismo com a produção descontrolada de hormônios T3 e T4. Já o hipotireoidismo pode ser relacionado aos sintomas de depressão. Os hormônios da tireoide atuam diretamente em áreas do cérebro ligadas ao humor, com a baixa produção destes hormônios consequentemente esta área é prejudicada.
Outros motivos para o hipotireoidismo se relacionar à depressão é porque o corpo fica sem energia, o coração bate mais lento e você acaba ficando mais apático, menos ativo e até a libido cai.
Independentemente do caso (ansiedade ou depressão, hipotireoidismo ou hipertireoidismo), o diagnóstico correto somente um médico poderá oferecer. E em relação à tireoide, o médico endocrinologista é o profissional mais adequado, já que solicitará exames específicos para identificar qualquer alteração, além de indicar a dosagem hormonal precisa.